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Sabe-se que o cérebro da pessoa com autismo processa informações de maneira diferente do cérebro “típico” (por assim dizer)! Mesmo para os Aspergers, que estão numa extremidade do alto funcionamento do espectro, decodificar determinadas nuances da comunicação é muito difícil.
Uma criança com autismo que usa um vocabulário sofisticado muitas vezes vai se sair super bem conversando sobre assuntos que domina, mas poderá ter muita dificuldade em aprender e responder coisas simples na sala de aula. Essa mesma criança, super falante, esbarra justamente no fato que 93% da nossa comunicação ocorre à nível não-verbal! O corpo fala! E essa leitura de linguagem corporal está prejudicada no autismo.
Vamos parar para pensar nisso então?! Se mais de 90% da comunicação humana acontece no corpo, então todos os autistas têm muito a nos dizer, mesmo os não-verbais! Se eles possuem grande dificuldade em ler a linguagem corporal dos pais, dos professores, nós também falhamos em ler a linguagem corporal deles! Sendo que, em muitos casos, essa é a única linguagem que possuem.
E quando eu digo “nós falhamos”, peraí… pensando bem, já vou retirar aqui a maioria dos pais de autistas dessa berlinda! Sabem por que, né? Porque se existe ser humano pra ler olhares, gestos e até antecipar comportamentos dos filhos, esse ser é mãe e pai. Mais mãe, vai! Mais mãe sim! A gente não é vidente, mas é cada bola de cristal que a gente tem…
Agora voltando ao balé da comunicação; concluo que tornar o aprendizado e o dia-a-dia de uma pessoa com autismo mais fácil usando melhor nossas habilidades comunicativas também nos aprimora muito como pessoas verbais e “típicas”.
Creio que para haver ensinamento para eles, uma troca ocorre primeiro. Primeiro a gente se atreve a aprender com eles e depois a gente se atreve a ensinar pra eles que a via é de mão dupla.
Então eu lembrei de uma situação e vou pontuar um erro meu! Diversas vezes após as refeições já mandei Stella tirar o prato dela da mesa e levar para A MÁQUINA! Ela entende o comando em frações de segundo, mas fica parada no meio da cozinha e olha para a lavanderia em dúvida. Eu esqueço de especificar que é a máquina de lavar louças e ela fica em dúvida de verdade! Já aconteceu de ela levar o prato sujo direto para a máquina de lavar roupas e colocar lá em cima (muito pensativa e com a testa franzida, mas pôs lá)!
Ou seja, eu precisava e ainda preciso especificar algumas coisas porque o cérebro dela ouve máquina e aí… tem muita máquina!
É uma falha de comunicação minha que afetou a forma como ela respondeu ao meu comando de levar o prato! Gente, isso ocorre na escola o tempo todo! Isso ocorre em todos os lugares onde a inteligência e a capacidade dos nossos filhos acaba sendo colocada em dúvida. E por que? Porque conviver com o autismo exige disposição para reinventar as formas de comunicação que estão na nossa zona de conforto! É treinar e ser treinado para que nossos cérebros típicos e “atípicos”, mesmo tão diferentes, se harmonizem!
E era só isso. Só queria mesmo provocar essa reflexão para todos nós hoje. Harmonizem-se com esses falantes autistas de todos os pontos do espectro! O corpo fala! E a fala aprimorada abre portas pro amor passar, aprendendo e ensinando também!

About Evellyn Diniz

2018! Blog em reforma! Em breve novidades! Estou voltando com os textos hoje.

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