Mãe é um bicho que cobra muito de si mesma! Mãe de autista então… :/

E às vezes a gente ainda ganha um reforço de peso no nosso “pacote da cobrança”, a culpa! A culpa que nos acompanha desde o diagnóstico, a culpa que nasceu na geladeira. Na geladeira da teoria psicogênica surgiu a estupidez que ainda permanece viva por aí, agora disfarçada com máscara e maquiagem modernas. Temos que ter cuidado para nunca cairmos nesse divã amargo, mães! Lembre-se de rejeitar tudo aquilo que te enfraquece ou te diminui, seja o que for! Quando fragilizadas tornamos nossos filhos vulneráveis. É permitido errar, falhar, cair e recomeçar. Não é permitido terceirizar. A cria é sua, o poder é seu! Você sabe mais e melhor! Resgate-se dos braços da culpa!

Nós merecemos NOS enxergar como realmente somos, mãe geralmente não se enxerga! É é por isso que muitas caem no “conto da geladeira”. Enquanto você faz uma varredura desnecessária no departamento feminino mais frequentado do “aonde foi que eu errei”, seu filho cresce e perde um tempo precioso a ser compartilhado com a mãe que VOCÊ REALMENTE É…uma Brastemp! A melhor! A mais poderosa e incansável mãe de autista de todos os tempos! 🙂

É verdade! A gente não consegue enxergar a nossa pessoa pelos olhos dos filhos. Sempre achamos que estamos aquém ou além, nunca na medida certa! E qual a medida certa? Eu não sei! Tenho 3 filhas e não sei medir nada, não sei contabilizar, não sei me avaliar…mas muitas vezes me reprovei, mesmo sem saber se existia uma “nota média” para passar. Quando eu deito a cabeça no travesseiro eu viro juíza de mim mesma rapidinho! Esqueço que não sou aquilo que IDEALIZO e sim aquilo que REALIZO e é essa mãe “da real” que fica marcada na memória e no coração das minhas filhas! \o/ (ainda bem!)

Já perceberam isso em vocês? Quando a cabeça repousa no travesseiro a mente  de vocês também começa a competir no Triathlon? Porque a minha mente vira um atleta de Ironman todas as noites! Ô massa encefálica inquieta essa minha!

Cobramos de nós a performance perfeita em todas as modalidades, tô mentindo?! Esposa, profissional, amiga, mãe…principalmente na “modalidade mãe”! Função irrevogável, intransferível e perene…

Que mãe sou eu na fila do pão? :/

Eu confesso que demoro a aprender as coisas. Sou lenta…pra decidir, pra digerir, pra começar. Eu sou a rainha da ruminação dos fatos, das teorias, das abordagens! Mas quando eu começo alguma coisa nessa caminhada louca eu entro pra matar ou matar. E eu entrei nessa pra resgatar tudo o que foi roubado da minha menina pelo autismo regressivo! Vou fazer o meu melhor tempo, bater a minha própria marca todos os dias! Por que quando eu venço, ela vence! \o/ E quando ela vence eu faço a dancinha da vitória!

dancinha da vitória

Falo e repito sempre…PAIS EMPODEREM-SE! Imaginem que estamos lidando com as incógnitas do autismo diariamente. Mãe, no manual de instruções imaginário da criança, tem sempre as respostas. E se tem algo que carece de muitas respostas, porém é abundante em perguntas, é a nossa jornada nada típica com o autismo. Quando não temos as respostas nos sentimos fracas. Mais uma razão para ler, estudar e não contar apenas com a opinião e intervenção alheias. Remem mães, remem vocês! Quando confiarem os remos a reais merecedores e ajudadores, mão no leme, direcione esse barco!

Seu filho pode não falar, mas ele enxerga você além daquilo que está no espelho! Nenhuma condenação que eu possa fazer a respeito de mim mesma no “tribunal do travesseiro” será útil para minha filha no dia seguinte. Saber disso me libertou da geladeira! Porque a geladeira é não agir, é não se reinventar, é não objetivar. Quando eu troco minhas caraminholas por objetivos flexíveis, porém concretos, eu estou descongelando meus poderes que sempre estiveram alí adormecidos! Quando eu sacudo a poeira e decido tentar todos os dias eu sou top de linha, eu sou frost free! 😀

Não existe mérito diferenciado em ser “mãe especial” porque essa classe de mãe nem existe. Toda mãe é especial! Se alguém não honrou essa função, pariu, mas nunca foi mãe! A mãe não nasce quando a criança nasce. A mãe já é maternal antes de estar gestante. Ela apenas não sabe disso! 😉

Vamos nos perdoar e nos permitir. Vamos rebuscar um pouco de quem fomos antes mesmo de sermos a mulher que leva a toalha esquecida com o avental todo sujo de ovo! 😀

Não me deem panelas (ou as usarei nos panelaços!), não me deem flores, não quero frufrus! Me alimentem a esperança, me mostrem os horizontes com rica beleza floral, eu quero é munição!

…e mãe geladeira é a mãaaaaaaaaaaaaaeeeeeeeeeee!

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About Evellyn Diniz

2018! Blog em reforma! Em breve novidades! Estou voltando com os textos hoje.

Uma resposta »

  1. Dani Couto diz:

    Linda de viver, sou sua fa, tanto no palavreado quanto no recheio desse corpitcho! Amo cada post que vc escreve, eles tem sempre um Q de verdade com algo dentro de mim, uma pessoa tao comum. Bjssssss na sua vida, que ela continue ensinando 🙂

  2. Muito bom, parabéns! Sou mãe de um autista que completará 30 anos em setembro, sei muito bem da nossa luta diária e o quanto nos fortalecemos. Interessante termos os filhos para mostrar-nos a que viemos. Felicidades!!!! Muita garra sempre!!!

  3. Karina diz:

    Eu sou uma Brastemp!

  4. Conto 71 anos.Dou o melhor banho.Falo a melhor escovação de dentes.Fico “triste de não ter jeito” com roupas dilaceradas etc.Sou mãe de Flávia sem deixar de ser pai.Trabalho ,amo, divido tarefas e carinho com uma colega também mãe de Flávia.

  5. “Faço a melhor escovação de dentes”…

  6. Agp diz:

    Parabéns pelo post!

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